Palavras que se (me) espalham

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Nada, porém, do que aconteceu dentro e fora de mim, no Teatro Paschoal Carlos Magno, em Juiz de Fora, era passível de ser previamente imaginado. Primeiro, porque a mulher menina é um furacão. Quando ela pisou no palco com um estoque de energia de fazer inveja a qualquer companhia elétrica das minas gerais, logo pensei: não é só o coração que guarda selvageria. Tem mais coisa aí.

Um dos conselhos mais importantes que ouvi recentemente me convidava a fincar o pé nas minhas raízes. Tarefa nada fácil para quem não foi acostumada a reverenciar os antepassados desde a infância, até porque em família sabíamos muito pouco sobre eles.

Minha vida que parece muito calma tem segredos que preciso revelar, não apenas para que deixem de ser o que são, mas para que possam também ser algo mais que um revelar-se. Em 2018, estive diante de um desafio gigantesco, talvez o maior da minha vivência nesta encarnação, que dilacerou a minha alma de forma extremamente severa.

Ao seguirmos solitários pelo labirinto em busca do sonho original, o extraordinário passa a fazer parte naturalmente da nossa rotina. Me preparava para dormir sem saber que, a alguns quilômetros de distância, Sofia Ramirez, experimentava, no mesmo instante, uma das histórias de amor, entre almas em dimensões distintas, mais bonitas que já ouvi.

Gosto de ver beleza no fim e ficar ali. No sepulcro. Na dor. Na tristeza. Na tragédia. Na escuridão. Nas cinzas. Na tela da tevê com a próxima atração. Acho prazer em aprender com o fim. A ressurreição é outra história bonita, mas não mais do que a Sexta-Feira da Paixão.

À medida que avançamos na leitura e nas tarefas de desintoxicação emocional propostas pela bruxa ao final de cada capítulo, vamos igualmente retirando camadas e mais camadas de tinta velha acumuladas ao longo de anos sobre nossa obra de arte original.

“Missa da Meia-Noite”, em cartaz na Netflix, é um convite, para olharmos a “desilusão” do irrealizado sob uma perspectiva totalmente diferente.

Sou Lucimar Brasil de Juiz de Fora. Nasci nas Minas no ano que não terminou, segundo o mestre Zuenir Ventura. Logo sou inachevé (inacabada) de nascença. Amo palavras escritas, ditas, não ditas, desmentidas. Juntar uma na outra para que ganhem um novo significado é brincadeira que me aguça os sentidos e a alma. Passeio por elas, como meu pitbull rola na grama molhada se contorcendo de prazer.

Vim ao mundo em dupla, de modo que singularidades me desafiam, a começar pelas minhas. Faço terapia como quem desce para o parquinho. Sou devota de Maria Bethânia, e Chico Buarque me desafia a sanidade. Converso com Jung em sonhos. Rezo na cartilha do Papa Francisco.  Não sou jornalista por ofício, mas por gosto. Tateio pelo empreendedorismo e me jogo na maternidade. Camila e Daniel são asas paridas que me lançam ao infinito, por onde vagueio quando quero falar com Deus.

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